Era o mês de Natal de 1993.
Como sempre fazíamos, brincávamos de "amigo oculto" colocávamos
bilhetinhos na caixa de lembranças no corredor, uma colega deixou em meu nome
"para Mary Balth" (nessa época eu já era Mary Balth e todos sabiam
que gostava de poesia) . Abri, lá estava, assim era o poema : ...
"Provisoriamente, não cantaremos o amor, também não cantaremos o ódio,
cantaremos o medo. Medo das multidões, medo da guerra e de depois da
guerra ... " e assim seguia o poema muito triste e muitíssimo bem feito,
jamais esqueci estes versos tão profundos, realistas . Imediatamente fui ao meu
local de trabalho, e em minha máquina de escrever, fiz então a resposta ao
poema que tanto me marcou, que transcrevo abaixo.
Apenas, (tomei conhecimento
muito tempo depois) não sabia que estava respondendo ao poeta Carlos Drummond de Andrade,
autor dos versos que tanto me impressionaram e haviam sido gerados ao final da segunda
guerra mundial de 1945 ... coisas da vida que movem o mundo da literatura, o
mundo das emoções, da escrita, o mundo dos poetas.
A foto ao lado, de um trabalho de minha autoria, "Cavalos no campo"-óleo sobre tela, representa bem a liberdade.
CANTANDO
O DOCE AMOR
Mary
Balth 14-12-1993
Eu prefiro
ir cantando o doce amor
Muito longe dos
muros subterrâneos
Pendurado no cume
dos telhados,
Balançando ao
vento dos sobrados,
Enfeitado das
cores do arco-iris,
Sete cores de múltiplos matizes...
Eu não quero
cantar o ódio amargo,
Ressequido,
disforme, sem sabor,
Quero riso,
alegria, aromas, flores,
Eu prefiro ir
cantando o “doce amor” .
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