segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

PARA RECORDAR MAIS UM POEMA... " POEMA TRISTE ( HISTÓRIA DO COTIDIANO...)

















MEU TRABALHO: " O PÁSSARO CATIVO" - ÓLEO SOBRE TELA.

Todos os dias, ao voltar do serviço para casa à tardinha, à hora do sol posto, via parado, encostado no corredor da Estação Ana Rosa do Metro de São Paulo, aquele homem. 
Tinha o olhar distante, a face sem expressão, e o pouco que possuía, ali estava, numa mala no chão ao seu lado. Muitos estão na mesma situação, mas não sei mesmo explicar, este ser humano me deixava pensativa, preocupada... Não há explicações para certos pensamentos, ou fatos que nos incomodam, que nos deixam perplexos, quando tantos outros passam despercebidos. A casa, o lar, é sempre sagrado e os que não mais o têm, que o perderam por algum motivo, conseguem me causar grande dor. Quando até mesmo os pássaros, os peixes, todos os animais de alguma forma voltam aos seus ninhos à procura de abrigo, conforto e segurança... um homem, um ser humano, assim como este que via todas as tardes, não tinha mais para onde retornar, dormir, descansar e se abrigar !!!  ... para contar a história desse ser, fui elaborando uma vida para ele, que talvez houvesse possuído, um dia...." uma casa, flores na varanda, crianças brincando no quintal"... agora apenas recordações e o fingir que espera um trem, um trem, que nunca vem!!!   Assim, naquela noite do dia 11/03/97, ao chegar em casa, o meu filho, falou-me: ..."Vamos escrever? Pôs então para tocar um Noturno de Chopin, e  naquele ambiente de musical nasceu este poema. Aquela história  profundamente triste, veio para mim, completa, inteira, e se revelou nos versos que abaixo transcrevo. Confesso que muito chorei ,e algumas vezes ainda choro, e dessa forma dei-lhe o nome de - "POEMA TRISTE História do Cotidiano”.      


POEMA TRISTE  - História do Cotidiano

                                                 Mary Balth 11/03/1997

O homem na estação,
Em vão espera o trem,
Um trem que nunca vem...

O homem na estação,
Mergulha em pensamento,
Emerge noutro tempo,
Um tempo que não tem,
tristeza e solidão .

Ao lado, a mala pobre
É tudo que restou,
E deixa-se absorto
Entrar no labirinto
Do tempo que passou...

“Revê a casa amiga,
As rosas na varanda,
As roupas no varal...
E os gritos das crianças,
Correndo no quintal !!!...”

Por isso todo dia,
Na hora do sol posto,
Agora que não tem,
pra onde retornar,
Eu vejo com desgosto,
O homem na estação,
Que em vão espera o trem
Um trem que nunca vem .
  

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