MEU TRABALHO: " O PÁSSARO CATIVO" - ÓLEO SOBRE TELA.
Todos os dias, ao voltar do serviço para casa à tardinha, à hora
do sol posto, via parado, encostado no corredor da Estação Ana Rosa do Metro de
São Paulo, aquele homem.
Tinha o olhar distante, a face sem expressão, e o pouco que
possuía, ali estava, numa mala no chão ao seu lado. Muitos estão na mesma
situação, mas não sei mesmo explicar, este ser humano me deixava pensativa,
preocupada... Não há explicações para certos pensamentos, ou fatos que nos
incomodam, que nos deixam perplexos, quando tantos outros passam despercebidos.
A casa, o lar, é sempre sagrado e os que não mais o têm, que o perderam por
algum motivo, conseguem me causar grande dor. Quando até mesmo os pássaros, os
peixes, todos os animais de alguma forma voltam aos seus ninhos à procura de
abrigo, conforto e segurança... um homem, um ser humano, assim como este que
via todas as tardes, não tinha mais para onde retornar, dormir, descansar e se
abrigar !!! ... para contar a história desse ser, fui elaborando uma vida
para ele, que talvez houvesse possuído, um dia...." uma casa, flores na
varanda, crianças brincando no quintal"... agora apenas recordações e o
fingir que espera um trem, um trem, que nunca vem!!! Assim, naquela
noite do dia 11/03/97, ao chegar em casa, o meu filho, falou-me: ..."Vamos
escrever? Pôs então para tocar um Noturno de Chopin, e naquele ambiente
de musical nasceu este poema. Aquela história profundamente triste, veio
para mim, completa, inteira, e se revelou nos versos que abaixo transcrevo.
Confesso que muito chorei ,e algumas vezes ainda choro, e dessa forma dei-lhe o
nome de - "POEMA TRISTE História do Cotidiano”.
POEMA TRISTE - História do Cotidiano
Mary Balth
11/03/1997
O homem na estação,
Em vão espera o trem,
Um trem que nunca vem...
O homem na estação,
Mergulha em pensamento,
Emerge noutro tempo,
Um tempo que não tem,
tristeza e solidão .
Ao lado, a mala pobre
É tudo que restou,
E deixa-se absorto
Entrar no labirinto
Do tempo que passou...
“Revê a casa amiga,
As rosas na varanda,
As roupas no varal...
E os gritos das crianças,
Correndo no quintal !!!...”
Por isso todo dia,
Na hora do sol posto,
Agora que não tem,
pra onde retornar,
Eu vejo com desgosto,
O homem na estação,
Que em vão espera o trem
Um trem que nunca vem .
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