sábado, 27 de novembro de 2010

CIDADE GRANDE - ROTINA E REALIDADE CRUEL

É bom ficar-se inquieto e suspirando olhando as luzes. Afinal, é Natal. Toda a gente correndo para comprar os presentes... É como se não mais existisse a tristeza, as dores , os outros. Correm contra o tempo atropelados pelos dias , pelas horas, pelos minutos ...
É suave, leve, agradável, entregar as lembranças adquiridas para cada um, não pode faltar para ninguém. Não seria perdoado esquecer alguém naquele dia! Quando se pode, é verdade, não há perdão !!! Nesta época do ano, tomados da emoção natalina, usa-se vestir uma criança de creche, doam-se para os asilos, compram-se lembranças para os meninos pobres... E os outros dias, quando na mesa não há para estes, nem o pão nosso de cada dia, vidas sem luz,  !!!  E tanta luz pelas vitrines e pelas cidades !!!   
Como expectadora, passando pela linda Avenida Paulista, bela e poderosa, consigo ver, deitado em frente, bem na porta central do Banco do Brasil, um pobre dormindo, vestido em seus trapos e sem nada mais que pudesse possuir e chamar de seu... Ali, justamente o retrato da pobreza e a imagem da riqueza.  Os que passavam, nem um olhar. Nem desprezo, nem raiva, a ignorância total. Estão acostumados, é a rotina da cidade grande. Entretanto, meu olhar imprimiu em meu coração a imagem daquele homem. Então como libertação, compus o poema “Cidade Grande” uma espécie de expiação, para gravar o meu sentimento . Espero, ainda mais nessa época natalina, que minhas retinas não tenham o desgosto de registrar situações semelhantes e que deveras agridem o nosso coração. Abaixo transcrevo o que consegui captar daquela cena e transformar em versos. Boas compras, felizes dias e Boa Leitura.  


                        CIDADE GRANDE   
                                                                       SP. 31.-5.2001

                 É um corpo que cai,
                 É um ser que despenca!...
                 Na calçada, onde jaz.

                 Transeuntes que passam,
                 Largos passos, têm pressa
                 Seus olhares desviam,
                 Sem olhar para traz.
                
Nas fachadas, tão perto,
                 De janelas cerradas,
                 Como punhos fechados,
                 A cidade se esconde !!!...
                 Por detrás de altos muros,

Já não vê, nem pressente,
                 Já não ouve nem sente,
                
Enterrou sua alma,
                 Nas calçadas de pedra.




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